A rede seria chamada Elevate, e o preço, teoricamente, poderia ser o mesmo do Uber comum, mas é claro, tudo dependeria da demanda

VTOL: os tais “carros” voadores, na verdade, seriam um híbrido elétrico entre helicópteros e pequenos aviões, capazes de voar por 160 km sem precisar recarregar as baterias (Uber/)

Todo mundo que já se viu preso em um engarrafamento pensou em como seria bom se o carro simplesmente criasse asas e escapasse daquela confusão. Pois saiba que essa é a promessa do Uber para a próxima década: “carros” voadores que podem evitar o trânsito e cortar viagens longas.

Não, os caras da empresa não estão ficando loucos, e nem vendo séries de ficção científica demais. Esse mês, eles liberaram um documento de 99 páginas detalhando o plano de construir uma rede de “carros” voadores que funcione de forma parecida à frota comum: pelo aplicativo. A rede seria chamada Elevate, e o preço, teoricamente, poderia ser o mesmo do Uber comum – claro, tudo dependeria da demanda: quanto mais pessoas voassem, mais barato o trajeto ficaria a longo prazo, ainda que no começo os usuários tenham que pagar mais caro pelo serviço.

A ideia é que as pessoas embarquem nas caronas voadoras em helipontos, mais ou menos como acontecia nos Jetsons.

Os tais “carros” voadores, na verdade, seriam um híbrido elétrico entre helicópteros e pequenos aviões, capazes de voar por 160 km sem precisar recarregar as baterias. Planejados para serem mais silenciosos do que veículos terrestres, eles aguentariam de dois a quatro passageiros (além do piloto), e voariam a 76 m do solo – e a uma velocidade máxima de 250 Km/h.

Os veículos da rede Elevate são do tipo VTOL (Vertical Take-off and Landing ou “Decolagem e Pouso Vertical”, em português), ou seja, decolam e pousam como helicópteros, de forma vertical, e voam como aviões. A ideia é que as pessoas embarquem nas caronas voadoras em helipontos, mais ou menos como acontecia nos Jetsons.

Esses VTOL seriam planejados e fabricados em uma grande parceria entre a Uber, o governo dos EUA e algumas empresas de tecnologia ainda não especificadas. Quando tudo estiver no lugar, a Uber pretende manejar os “carros” voadores da mesma forma que faz com os comuns: os pilotos autônomos receberão uma grana para levar passageiros que acionarem o serviço pelo aplicativo.

Mas é claro que nada é tão fácil, e a empresa vai precisar resolver uma série de problemas antes de transformar o nosso mundo em um cenário de filme futurista – isso contando que a Uber consiga construir, de fato, o carro voador, e que a Federal Aviation Administration (órgão que regula a aviação nos EUA) aprove esses veículos e suas rotas. Para começar: muita gente tem carro e carteira de motorista, mas quase ninguém tem um avião e uma licença de piloto, o que complica um pouquinho a coisa do “use seu veículo para levar desconhecidos e ganhar dinheiro com isso”.

A empresa teria de suar a camisa para encontrar e manter pilotos qualificados e baratos. Além disso, cada governo tem uma lei aérea muito específica, diferente das de trânsito que são relativamente parecidas mundo afora. Por isso, a Uber precisaria ter uma atenção especial em cada lugar em que o serviço estiver ativo para evitar problemas e acidentes. E a gente sabe de antemão que a empresa não tem exatamente as melhores relações com os governos do mundo – é só olhar para os atritos com taxistas que têm rolado por aqui.

Mesmo assim, a Uber está otimista: promete que os carros já estão em produção, que primeiros testes com passageiros começarão dentro de cinco anos e que os carros voadores entrarão no mercado por volta de 2026. Já pensou?

Artigo originalmente publicado em exame.com